BMW Mantém Motores a Combustão em Destaque e Rejeita Soluções Híbridas Radicais

Estratégia Diferente da Concorrência

Enquanto alguns rivais apostam em híbridos potentes com motores pequenos e baterias robustas, a BMW segue na direção oposta. A marca alemã descarta adotar configurações como a da Mercedes-AMG C 63 S E Performance, que substituiu o icônico V8 biturbo por um motor de apenas 2 litros aliado a um sistema híbrido de quase 700 cv. Apesar do desempenho impressionante, essa solução não agradou ao público, que rejeitou a mudança drástica de personalidade.

Para os fãs da BMW M3, tradicionais adeptos da esportividade clássica, a notícia é tranquilizadora: a BMW não pretende reduzir drasticamente o tamanho dos motores nem abrir mão da essência que tornou seus esportivos lendários. Embora esteja nos planos uma futura M3 totalmente elétrica, o chefe da divisão BMW M, Frank van Meel, garante que os exageros do “downsizing” não fazem parte do futuro imediato da marca. A montadora trabalha em alternativas para atender às exigências da norma Euro 7, que entra em vigor em novembro de 2026.

Compromisso com a Tradição

Em entrevista à revista Autocar, Frank van Meel assegurou que a BMW vai preservar os motores que são marca registrada da fabricante. O consagrado seis cilindros em linha continuará presente nos modelos topo de linha, tanto nas versões M quanto nas M Performance. Já o V8 também está garantido por mais tempo sob o capô da M5, atualmente capaz de entregar impressionantes 727 cv.

Sem revelar detalhes técnicos, van Meel destacou que o sistema de arrefecimento sob uso intenso é um dos principais focos de desenvolvimento. Isso porque, com as novas regras da Euro 7, o uso de combustível para resfriar o motor durante altas solicitações não será mais permitido. Para contornar a limitação, a equipe de engenharia estuda soluções que mantenham o desempenho sem penalizar a potência, podendo ampliar o uso de sistemas híbridos leves (já presentes no V8) ou até mesmo equipar os motores de seis cilindros dos modelos M2 e M3/M4 com micro-hibridização. Entretanto, o objetivo é manter esses sistemas discretos e leves, já que a Euro 7 também vai considerar as emissões de partículas geradas por pneus e freios, fatores agravados pelo aumento do peso dos veículos.

Motores Tradicionais Ainda em Cena

Hoje, o seis cilindros biturbo S58 usado nos M2 e M3/M4 representa o último motor da linha Motorsport da BMW sem qualquer tipo de hibridização. Mesmo assim, enfrenta o pesado imposto nacional francês para motores de alta potência, tema recorrente entre os entusiastas.

O avanço das normas ambientais vem tornando os motores menos expressivos e mais complexos. Desde o catalisador até a injeção direta e os filtros de partículas, as inovações, embora necessárias para o meio ambiente, desafiam engenheiros e entristecem os apaixonados por motores.

Euro 7: Novos Desafios, Menos Mudanças Drásticas

Graças à atuação das montadoras junto à União Europeia, a nova regra Euro 7 não deverá exigir mudanças drásticas nos motores a combustão. As restrições mais rigorosas serão voltadas principalmente para as partículas emitidas por pneus e freios, não pelos motores em si.

Assim, a BMW continuará oferecendo motores seis e oito cilindros nos modelos M. Para Frank van Meel, o verdadeiro desafio não está em criar um motor compatível com a Euro 7, mas sim em preservar a experiência de condução típica da BMW, garantindo desempenho esportivo.

“O seis cilindros em linha é parte do nosso legado, enquanto o V8 tem uma longa tradição nas pistas, e pretendemos continuar assim”, afirma van Meel. Ele não vê sentido em equipar modelos M com motores quatro cilindros híbridos, como acontece em concorrentes: “Não consigo imaginar um quatro cilindros em uma M5”.

V8 Híbrido Ganha Peso, Mas Mantém Desempenho

Mesmo com o V8 biturbo garantido, a nova geração da M5 chega mais pesada: são 2.435 kg em ordem de marcha, 560 kg a mais que a geração anterior, principalmente por conta da bateria do sistema híbrido, que sozinha pesa 205 kg. A potência, porém, chega a 727 cv e o carro acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,5 segundos. Ainda assim, há quem sinta falta da leveza e da entrega visceral das antigas M5.

Segundo especialistas, é difícil recomendar a troca da geração anterior por esta apenas pelo incremento tecnológico. Ainda assim, caso a BMW consiga manter vivos os motores multi-cilindros, o mercado automotivo terá motivos de sobra para agradecer.