Audi F1: Binotto vê transição da Sauber como ponto de partida para inovação na Fórmula 1
A equipe Sauber, atualmente na lanterna do campeonato de construtores da Fórmula 1, vive um momento de transformação antes de se tornar oficialmente a equipe de fábrica da Audi a partir de 2026. Com apenas seis pontos conquistados na abertura da temporada na Austrália e sem resultados expressivos desde então, o time passa por mudanças significativas em sua estrutura, lideradas por Mattia Binotto, ex-chefe da Ferrari e atual CEO do projeto Audi F1.
No início de maio, a equipe celebrou seu 600º Grande Prêmio em Ímola, um marco histórico que, para Binotto, pode representar também o começo de uma nova era. Segundo ele, a identidade da equipe suíça, cada vez mais marcada pelas cores verde vibrante na pista, já começa a se fundir com o espírito da Audi — caracterizado pelo cinza e vermelho da montadora alemã.
Apesar da reestruturação oficial ocorrer apenas em 2026, a influência da Audi é visível. A transição de equipe cliente para escuderia oficial promete ser profunda, e Binotto reconhece os desafios: “Cheguei à Sauber em agosto passado e assumi um projeto ambicioso, mas também complexo”, afirmou o italiano. Agora com o comando total do programa de F1, ele lidera as ações que visam preparar o time para os novos tempos.
Ao ser questionado sobre o que significa ser nomeado CEO da Audi F1, Binotto destacou o aumento da responsabilidade, mas também o voto de confiança por parte da montadora: “Recebo essa decisão com muito prazer. Começamos a trabalhar juntos há alguns meses, e já existe uma boa sintonia. Compartilhamos objetivos e uma visão comum sobre como conduzir o negócio”.
Sobre o processo de transição, Binotto enfatizou que a jornada será longa, não necessariamente difícil. “Mais do que complicado, o processo é extenso. E mesmo antes da mudança oficial, o time já está voltado para o futuro. Internamente, todos compreendem que não haverá pausa. Ímola serviu tanto para celebrar o passado como para olhar adiante. Audi se baseia na estrutura da Sauber, e isso é fundamental”, explicou.
A Audi tem histórico de vitórias em todas as categorias em que competiu — dos ralis à Fórmula E —, sempre com forte espírito inovador. Para a Fórmula 1, a marca estabeleceu um plano de cinco anos para alcançar vitórias, e Binotto garante que esse cronograma segue em pé. “Essa meta de cinco anos não é apenas minha; é um objetivo compartilhado com a Audi. Ela sempre venceu com inovação: tração nas quatro rodas nos ralis, motor diesel no WEC, e carros elétricos no Dakar. O mesmo princípio se aplica à F1”.
Questionado sobre críticas ao longo prazo para alcançar resultados, Binotto rebateu: “Não se trata de um tempo confortável. Esse é o tempo necessário para vencer. Todos os times precisam de um período de construção. Na Ferrari, por exemplo, Jean Todt chegou em 1993 e só venceu em 2000. A McLaren também levou anos para se reerguer. É necessário investir em infraestrutura, ferramentas, pessoas, organização e cultura”.
Sobre o desafio cultural, Binotto também foi direto: “Audi traz consigo uma cultura alemã muito forte, enquanto a Sauber tem uma identidade suíça própria e um grupo diversificado de profissionais estrangeiros. Integrar essas culturas levará tempo. Cultura significa comportamento, espírito de equipe — e isso exige maturação. Estimo três anos para construir essa base e mais dois para consolidá-la”.
Assim, o projeto Audi F1 começa a ganhar forma com a promessa de solidez a longo prazo e um olhar voltado à inovação, sem pressa, mas com ambição.